domingo, 5 de outubro de 2014

TESTE DE DIAGNÓSTICO 8ºANO - CORREÇÃO

Aqui fica a correção do teste de diagnóstico (manual Plural 8, Raiz Editora, páginas 18 a 20).

Um jovem caranguejo pensou: "Porque é que na minha família todos andam para trás? Quero aprender a andar para a frente, e que a cauda me caia se eu não conseguir".
Começou a exercitar-se às escondidas, entre os seixos do ribeiro natal, e nos primeiros dias a tarefa causou-lhe uma enorme estafa. Chocava contra tudo, machucava a carapaça e atropelava as pernas uma na outra. Mas, a pouco e pouco, as coisas começaram a correr melhor, pois tudo se pode aprender, quando se quer.
Quando se sentia bem seguro de si, apresentou-se à família e disse:
- Vejam isto.
E deu uma magnífica corridinha em frente.
- Meu filho - desatou a chorar a mãe - deram-te a volta ao miolo? Reconsidera, anda como o teu pai e a tua mãe te ensinaram, anda como os teus irmãos, que te querem tanto.
Os seus irmãos, porém não faziam outra coisa senão troçar.
O pai, depois de ter estado a observá-lo severamente por um bocado, disse: - Basta. Se queres continuar conosco, anda como os outros caranguejos. Se queres fazer as coisas à tua maneira, o ribeiro é grande: vai-te e nunca mais voltes.
O bravo caranguejinho estimava os seus, mas estava demasiado seguro da sua justiça para ter dúvidas: abraçou a mãe, despediu-se do pai e dos irmãos e partiu ao encontro do mundo. 
A sua passagem logo despertou a surpresa de um grupo de rãs que, como boas comadres, se haviam reunido para dar dois dedos de conversa em volta de uma folha de nenúfar branco.
- O mundo anda às avessas - disse uma rã. - Olhem para aquele caranguejo e digam lá se não tenho razão.
- Já não há respeito - disse uma outra rã. 
- Apre! - disse uma terceira. 
Mas o caranguejo seguiu em frente, é mesmo caso para dizê-lo, no seu caminho. A certa altura, ouviu chamar por ele: era um velho caranguejo solitário, de expressão melancólica, que se encontrava encostado a um seixo. 
- Bom dia - disse o jovem caranguejo. 
O velho observou-o prolongadamente, depois disse: 
- Onde pensas tu que vais chegar com isso? Também eu, quando era jovem, pensava ensinar os caranguejos a andar para frente. E eis o que recebi em troca: vivo completamente só, as pessoas preferiram cortar a língua a dirigir-me a palavra. Presta atenção ao que te digo, enquanto é tempo: resigna-te a fazer como os outros e um dia agrader-me-ás o conselho. 
O jovem caranguejo não sabia o que responder e ficou calado. Mas dentro de si pensava: "Eu tenho razão".
E despedindo-se do velho com gentileza, retomou orgulhosamente o seu caminho. 
Irá longe? Fará fortuna? Endireitará todas as coisas tortas deste mundo? Não sabemos, porque ele ainda não parou de caminhar com a coragem e a firmeza do primeiro dia. Apenas lhe podemos desejar de todo o coração: - Boa viagem! 
 Gianni Rodari, in Histórias ao telefone, Teorema
Compreensão oral:
1.b
2.c
3.a
4.b
5.d
6.a
7.c
8.b
 Leitura/Escrita
1.1 "Porque é que na minha família todos andam para trás?"
1.2 O desejo de andar para a frente.
2. O caranguejo, às escondidas exercita-se para poder andar para a frente.
3. A família não quer alterações no hábitos, quer que a normalidade se mantenha inalterada.
4. Para poder seguir o seu caminho e concretizar os seus sonhos; se ficasse, isso seria impossível por ser diferente dos outros.
5. As rãs escandalizaram-se quando o viram andar para a frente. Elas simbolizam o preconceito, as pessoas conservadoras que não aceitam a diferença.
6. O velho aconselha o caranguejinho a aceitar a opinião dos outros e a não insistir no desejo de ser diferente porque, no passado, fez o mesmo e acabou a viver na solidão.
7. O jovem caranguejo é ousado e destemido, é corajoso e enfrenta tudo e todos para conseguir os seus objetivos que ele considera justos.

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